quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O sofrimento pode ser opcional?

O velho mestre, ao perceber que um de seus discípulos estava triste, pediu que enchesse uma das mãos com uma porção de sal, a abrisse em um copo de água, e que bebesse em seguida a mistura. “Qual é o gosto?”, perguntou o Mestre. “Ruim” disse o aprendiz. O sábio sorriu e pediu ao jovem que pegasse sal novamente e caminharam em direção a um lago. Lá chegando, o mestre solicitou ele jogasse o sal nas águas. Ficaram observando a correnteza e em dado momento o mestre ordena: “Beba um pouco dessa água”. Enquanto a água escorria pelo queixo do jovem, o ancião perguntou: “Qual é o gosto?”. “Bom!”, disse o rapaz. “Você sente o gosto do sal?”, perguntou o sábio. “Não”, comentou o jovem. O professor então pegou sua mão e explicou: “A dor na vida de uma pessoa não muda, mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago”. O tema de hoje tem muito a ver com o texto de Carlos Drummond de Andrade intitulado “Viver não dói”: Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias, se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam; todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, ao nos esquivarmos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. O escritor Edwin Louis Cole comentou que: “Campeões não são aqueles que nunca fracassam; são aqueles que nunca desistem”.

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