domingo, 20 de janeiro de 2008

Ver ou enxergar, ouvir ou escutar

Carmem era uma garota deficiente visual que não se conformava de ter nascido completamente cega. Ela não se relacionava bem com parentes e amigos. Tinha um namorado amoroso que sempre estava presente e gostava muito dela. O rapaz desejava muito se casar, mas ela sempre dizia que enquanto não pudesse ver o mundo, como a maioria das pessoas, jamais contrairia matrimônio. Ela estava na fila de espera para transplante de córneas nas duas vistas, dependia de doadores, mas sua vez nunca chegava. Com o tempo, tornou-se uma pessoa amarga, desesperançada, não acreditava mais em sua recuperação. Certo dia o telefone tocou. Um médico solicitava que a família encaminhasse Carmem imediatamente para o centro cirúrgico, uma doação de par de olhos naquela região tinha acontecido. A operação foi um tremendo sucesso, após 2 semanas, ao tirar os curativos, Carmem pode enxergar pela primeira vez na vida. A emoção tomou conta de toda família. O namorado aproximou-se da amada e com um buquê de rosas nas mãos disse: “Agora que pode enxergar, você quer se casar comigo?”. Carmem se calou por alguns segundos, percebeu que seu namorado era cego”. Depois de alguns soluços comentou: “Me perdoe, não posso me casar com uma pessoa que não enxerga!”. O namorado afastou-se dela, e, em lágrimas, murmurou “Por favor, apenas cuide bem dos meus olhos, eles eram muito importantes pra mim”.

Amigo leitor, reflita sobre o pensamento de um filósofo grego: “Ouvir com perfeição é ouvir não tanto os outros, mas a si mesmo. Ver com perfeição é ver não tanto os outros, mas a si mesmo; pois os que não ouvem a si mesmos, não conseguem ouvir aos outros e os que não perscrutam a si mesmos são cegos à realidade dos outros. O ouvinte perfeito ouve o interlocutor, mesmo quando este não diz nada.

Na praça central de uma cidadezinha do interior, uma velhinha, que já não podia andar direito, pedia esmolas. Sentada na calçada, ela permanecia com a mão estendida esperando receber alguma ajuda. A maioria dos transeuntes, nem percebia sua presença. Um jovem, mesmo apressado, observou o semblante sereno daquela senhora e resolveu sentar ao seu lado. A idosa comentou que tinha sido muito feliz em seu casamento, mas depois do falecimento do marido, seus dois filhos pegaram o pouco que a família possuía e viajaram para a cidade grande. “Até de minha casinha se desfizeram, agora passo o dia todo nesta praça para poder sobreviver”. O jovem derramou algumas lágrimas e comentou: “Eu gostaria muito de lhe dar alguma coisa, mas não tenho nada no momento, nem um centavo sequer”. A velhinha pegou na mão do garoto e disse: “Você acabou de me dar muito mais que um centavo. Meu deu uma coisa que não tenho há muito tempo”.

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