domingo, 20 de janeiro de 2008

O ponto de vista de cada um

Uma mulher, passando por sérias dificuldades financeiras, com o estômago fazendo muito barulho, envergonhada, entrou num restaurante popular. Contou sobre seus problemas ao proprietário e solicitou a caridade de ele lhe dar um prato de sopa. O homem ficou tão penalizado com tal depoimento, que disse: "Pode se servir de um prato de sopa e pegue um pedaço de pão também, a noite está demasiadamente fria e você precisa se alimentar. E tem mais, toda vez que estiver sem dinheiro, pode me procurar. Se depender de mim, a senhora não vai mais passar fome, assim talvez consiga arranjar um emprego".
Todas as noites a mulher ia ao restaurante; colocava seu casaco e a velha bolsa na cadeira e dirigia-se até o balcão, onde recebia um generoso prato de sopa e a sempre bem vinda fatia de pão. Passaram-se muitas e muitas noites, até que certa vez, repetindo o que sempre fazia, colocou seu surrado casaco em uma cadeira, pendurou a bolsa, foi ao balcão e trouxe seu prato de sopa, que colocou sobre a mesa. Percebeu então que tinha esquecido a fatia de pão e voltou ao balcão para buscá-la. Quando retornou à mesa, teve uma surpresa: um homem estava lá sentado, tomando sua sopa. Ah, isso ela não podia tolerar. Fazer escândalo ela não fez, mas, furiosa, decidiu enfrentá-lo. Sentou-se frente a frente com ele, pegou outra colher e, encarando-o firmemente, passou a tomar a sopa do mesmo prato.O humilde homem nem se importou. Continuou tomando sua sopa calmamente, colherada após colherada, enquanto ela, extremamente perturbada, fazia o mesmo. Ao terminar, a moça se deu conta que estava com sede, em razão da raiva que havia passado. Se levantou e foi buscar um copo de água. Quando voltou levou um tremendo susto: o homem não estava mais lá e seu casaco e sua bolsa tinham desaparecidos. Se pôs a gritar: "Fui roubada, pega ladrão, pega ladrão". Reboliço geral, todo mundo que estava no restaurante queria saber o que tinha acontecido. Foi então que ela, olhando com mais atenção, percebeu, duas ou três mesas adiante, seu casaco e sua bolsa pendurados na cadeira e seu prato de sopa intocado sobre a mesa.
Amigo leitor, uma frase mal colocada, às vezes doe muito mais que um tapa no rosto.

Dois inimigos mortais se envolveram em uma briga judicial. Um deles perguntou ao advogado se não seria uma boa idéia enviar ao juiz um belo presente. O causídico ficou horrorizado: "Você está ficando maluco, esse juiz orgulha-se de ser incorruptível. Um gesto desses terá exatamente o efeito contrário daquele que você pretende". Depois de seis meses o cliente recebeu a notícia que havia ganhado totalmente a causa. Convidou o advogado para jantar e aproveitou para agradecer o conselho sobre o tal presente: "Obrigado por suas orientações, eu ia cometer um grande erro. Mandei um lindo presente, mas em nome de meu oponente". Disse um filósofo que "a indignação moral cega a pessoa com tanta eficácia quando a venalidade".

Nenhum comentário: