quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A Lição do Taxista

No início deste ano, fui contratado para uma palestra em Recife. Assim que desembarquei no aeroporto, peguei um táxi e quase de imediato comecei a bater papo com o motorista. Em dado momento lhe perguntei: “Como estão os negócios, meu amigo?”
O taxista parecia ser um tanto mal humorado e descascou a seguinte resposta: “Muito ruins, o que ganho não está dando nem para pagar a prestação do carro. Para o senhor ter uma idéia, em um dia, quando faço três ou quatro corridas, já considero um bom negócio. Vivemos numa bruta crise, a situação do país está péssima.
Os passageiros sumiram. Ninguém mais tem dinheiro”. No mês seguinte, ao sair do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, entrei no táxi de um senhor simpático, chamado René. Com esse motorista tive uma experiência de vida fabulosa, que gostaria de transferir ao amigo leitor.
Logo de início ele perguntou meu nome e gentilmente fez questão de abrir a porta do automóvel. Quis saber se o ar-condicionado estava regulado a meu gosto, se queria ouvir rádio ou CD. Durante o trajeto tentei falar ao celular, mas a bateria estava descarregada. O taxista disse: “Doutor, meu celular está à sua disposição”.
Comentei que tinha que fazer uma ligação para outro Estado e ele completou: “Estou aqui para servi-lo, não quero que o senhor fique chateado logo na sua chegada na cidade maravilhosa”. Ao entrarmos em Copacabana, o taxista René me surpreende novamente, apresentando-me uma caixa de bombons: E para completar o motorista ainda carregava uma pequena caixa de isopor contendo garrafinhas de água mineral.
Naquele instante concluí que René era um excepcional prestador de serviços e me encantou com sua eficiência e delicadeza. Resolvi fazer duas perguntas: “Como andam os negócios? Quantas corridas tem feito por dia?” Ele respondeu: “10, 12 ou mais...”.
Fiquei curioso em saber sobre tanto sucesso na praça e repliquei: “Como? E a crise?” Ele explicou pacientemente: “Tenho ouvido no rádio os problemas na economia, na política, mas isso não alterou meu negócio. De 10 corridas que faço, cerca de oito são para clientes cativos”.

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