segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Cuide melhor do seu hoje

Um casal, já tarde da noite, conversa na sala de estar de sua casa. Rememoravam sua existência em comum, a criação dos filhos, que já há muito tempo moravam distantes, haviam constituído suas famílias; mal ligavam para contar as novidades dos netinhos. Em dado momento, surgiu o assunto vida, morte e outro plano astral. Durante o bate papo, o marido deveras emocionado diz à esposa: “Nunca me deixes viver em estado vegetativo, dependendo de uma máquina e líquidos. Se um dia eu estiver nesse estado deplorável, por favor querida, mande desligar tudo o que me mantém vivo. Você promete isso pra mim?”. O silêncio tomou conta da residência. A esposa então se levantou do sofá, balançou a cabeça afirmativamente e imediatamente arremessou o computador no chão e jogou todas as latinhas de cerveja pela janela”. O marido, envergonhado, depois daquele dia passou a dar mais atenção à mulher.
Gostaria de compartilhar com o amigo leitor um texto profundo do escritor Carlos Drummond de Andrade: “Por que sofremos tanto por amor?”.
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções não realizadas. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”.
Amigo leitor, o dia de “ontem”, já faz parte da história. O “amanhã” é sempre uma incógnita, um mistério, pois jamais teremos a certeza que estaremos aqui no dia seguinte. Aliás, o filósofo prega que o amanhã não existe, pois não levantamos no “amanhã”, e sim no “hoje”. Por isso, devemos viver intensamente o “aqui e agora”, pois o presente é uma dádiva de Deus e cabe a nós transformá-lo em felicidade.

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