terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Para se emocionar

Casado há 14 anos, João tem uma bonita família; pai de três lindos filhos e uma mulher dedicada, cuja única cobrança é sua maior presença na criação dos garotos. João é vendedor, viajava muito para o interior de São Paulo. Quando estava em casa, gostava de receber amigos, assistir ao futebol e pouca atenção dava à esposa e às crianças. Na verdade, não conseguia enxergar que seus entes queridos sentiam sua ausência e falta de carinho. Certo dia, João trafegava por uma rodovia à noite, quando se abaixou para pegar o maço de cigarros no porta luvas; com a distração, seu automóvel invadiu a pista contrária de direção, acabando por colidir de frente com um caminhão que transportava pneus. Os bombeiros chegaram rápido e levaram a vítima para o pronto socorro mais próximo. Depois de quase oito horas de cirurgia, ele foi removido para a UTI, onde permaneceu por 63 dias em coma. A esposa e os filhos permaneciam ao seu lado, e uma corrente de orações foi formada por amigos religiosos, pedindo por sua vida. Numa segunda feira, um dos filhos grita: “Mamãe, acho que o papai abriu os olhos”. O médico de plantão foi chamado às pressas, e constatou que o paciente havia acordado do coma profundo. Os olhos de João rapidamente se encheram de lágrimas, a esposa ajoelhada agradecia a Deus pelo milagre. João esboça um sorriso e diz: “Estava morrendo de saudades de todos vocês”, mas quando tenta estender a mão direita para abraçar a mulher, percebe que não consegue se mexer na cama.Um de seus filhos pega em sua mão, mas João percebe que não sente o carinho feito pela criança. O paciente olha desconfiado para o médico e diz: “Doutor, o que esta acontecendo, não consigo me mexer”. A resposta foi terrível: “João, você fraturou a coluna cervical, vários nervos que controlam funções vitais foram afetados gravemente”. O marido replicou: “O que o senhor está querendo dizer com isso?”. O médico abaixou a cabeça e disse baixinho: “Infelizmente, você ficou tetraplégico em razão do acidente”. O silêncio tomou conta do quarto e João fez um desabafo, que na verdade é uma lição de vida para todos nós: “Agora que estou aqui imóvel nesta cama de hospital, com uma vontade imensa de abraçar meus filhinhos e minha querida esposa, é que vejo o quanto errei na minha vida. Quando tinha forças para abraçá-los e beijá-los, canalizei minhas energias e meu tempo para o trabalho e para os supostos amigos. Somente agora percebo o quanto fui tolo, pois somente vocês estão aqui ao meu lado. Estou triste por ter ficado tetraplégico, mas feliz por estar vivo e ter percebido o quanto amo e preciso de vocês. Daqui pra frente, não desperdiçarei um segundo sequer do carinho que posso oferecer a vocês, mesmo estando imobilizado para o resto da vida”. Que esta estória possa abrir os olhos de muita gente também...

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