quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Nunca é tarde para plantar

Voltava de uma viagem cansativa, estava com uma vontade tremenda de descansar um pouco na poltrona do avião. Havia ministrado palestras por mais de 9 horas, queria ficar em silêncio, ouvindo apenas o som das turbinas da aeronave. Logo percebi que o passageiro ao meu lado queria puxar conversa de qualquer maneira. Ofereceu-me barras de cereais e o principal jornal de Recife para ler. Em dado momento o rapaz desandou a falar... Estava deprimido, amargo, disse que tinha brigado com seu melhor amigo e que era incompreendido pelos colegas de trabalho. Repentinamente, lhe fiz uma pergunta: “O que você tem plantado ultimamente?”. O rapaz respondeu com ar irônico: “Não sou agricultor. Sou gerente de uma multinacional e estou pressentindo que vou ser despedido”. Insisti com a indagação: “O que você tem plantado ultimamente?”. O homem parou de falar...parecia estar refletindo, procurando uma saída, uma resposta. Então, mudou o foco da conversa: “Ingratidão é uma coisa horrível; sempre colaborei com a empresa, tanto é verdade que fui promovido a gerente. Agora, sinto que vão puxar meu tapete, só porque não atingi algumas metas. É uma grande injustiça o que estão fazendo comigo”. Fiz uma segunda pergunta: “Quem planta sementes colhe?”. Meu vizinho de poltrona abriu um sorriso e respondeu: “Essa é fácil, colhe alimentos”. Repliquei: “Quem semeia alegria colhe?”. Já um tanto apreensivo o rapaz disse: “Colhe felicidade”. Retruquei: “Quem cultiva flores, colhe?. Ele pensou um pouco e respondeu: “Um bom perfume”. “E quem semeia carinho?”, indaguei novamente. A resposta foi curta: “Vai colher gratidão”. Não resisti e continuei: “E quem planta a verdade?”. O homem abaixou a cabeça e falou baixinho: “Atrairá confiança das pessoas ao seu redor”. Naquele momento pedi para que o rapaz levantasse a cabeça e fiz uma explanação: “Não o conheço, sequer sei seu nome, mas as leis do universo são sábias e valem para todas as pessoas deste plano astral, sem exceção. Viver é uma escolha e cada um de nós têm o livre arbítrio para fazer o que bem desejar, no entanto, devemos assumir as conseqüências de nossos atos. Há quem prefira semear tristeza e com certeza colherá amargura. O plantio da discórdia, conduzirá à solidão. Semeando ventos colheremos tempestades. Plantar ira e colher inimizade. Promover injustiças e colher abandono...Se soubermos escolher as melhores sementes, receberemos uma colheita farta e abundante e teremos motivos de sobra para agradecer e jamais reclamar”. No instante que acabei minha explanação, percebi que o homem suava e soluçava. A atenta aeromoça aproximou-se e preocupada comentou: “O senhor está passando bem? Se precisar de um médico peço para o comandante não levantar vôo agora”. O homem respondeu com voz branda: “Muito pelo contrário, as lágrimas tiraram a venda dos meus olhos. Sinto-me feliz, estou enxergando bons motivos para começar uma nova plantação”.

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